24.3.08

Sabe, João, eu gosto disso. Dessa sensação de tranqüilidade que tenho do teu lado. De dormir com os dedos entrelaçados, tua mão na minha. Fechar os olhos e sentir todos os pensamentos esvaindo da minha mente. É seguro, é agradável. Ou, colocando nas tuas palavras, é conveniente.
E eu te amo, João. Hoje tenho essa certeza. Certeza de que aquilo que no início era apenas afeto e carinho cresceu, e cresceu muito. E hoje é amor, é amor. É respeito, é admiração, é querer te fazer a pessoa mais feliz do mundo, é te amar todo o tempo e por completo. É ter essa certeza de que você se encaixa no meu dia-a-dia e que eu te quero do meu lado pra sempre.
E então você tem a ousadia de olhar na minha cara e dizer que o nosso amor é um amor de bom dia. E eu vou ficando pequeninha, pequeninha na tua frente, diante da tua convicção e da tua falta de reciprocidade. E você pega o meu coração, toca ele no chão, e pisa, pisa, pisa. E me dói tanto, ah, João, como me dói.
Pois eu sei que deveria ter te dito tudo isso na nossa última conversa, mas acabei engolindo. Engoli os sentimentos, as palavras e as lágrimas. Tudo. E simplesmente fingi que concordava com você, fingi que isso não me afetava tanto. Pois eu digeri e agora tenho vontade de vomitar tudo isso em cima de ti. De jogar na tua cara minhas olheiras e os travesseiros meio úmidos, todo o meu amor e toda a minha certeza, toda essa porra de conveniência de bom dias e de Kid Abelha.
Mas se eu fizesse isso então você me diria que "o teu erro foi acreditar que estar ao meu lado bastaria" e eu ficaria menor e menor, e meu coração terminaria de se destruir, embora eu acreditasse com todas as minhas forças que basta.
E dessa vez eu não vou nem te pedir pra concordar comigo, apenas pra que me dê outra chance. Deixa eu passar mais uma semana do teu lado e te mostrar todo esse amor sobre o qual eu tanto falo. Deixa eu te mostrar que toda essa intensidade que você tanto diz querer você pode encontrar nos meus bom dias. E por fim, deixa eu te mostrar que nossa conveniência é suficiente, e essa suficiência, esse não-transbordar de paixões e sentimentos, os olhos e os lábios calmos, a falta de taquicardia, são suficientes. Que o simples fato de eu e você existirmos na segunda pessoa do plural já é o movente mais intenso e perfeito de todo o universo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Uau.

Tipo. Uau.

Anônimo disse...

Luciana Brandão, você me assusta.

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