22.4.08

Achou que sentiria mais saudade.
Saudade para ele, até aquele momento, era lembrar e lembrar e lembrar e ter vontade de que tudo fosse como antes.
Quase nunca pensava nela. O que era demasiadamente estranho, visto que há pouco mais de um ano era simplesmente essencial sua presença.
As piadas sem graças que sempre insistia contar, que irritantemente se tornavam engraçadas; o afago leve dos dedos finos deslizando entre os cabelos e os momentos partilhados de silêncio mal eram notados.
A importância que ela ocupava era gigante, isso era um fato.
Mas quando se vive não se repara. Detalhes assim ficam guardados para noites de sábado à noite, quando acidentalmente se descobre uma foto.
Recordações, sonhos, rotina, anseios, futuro, passado, amizade, amor, palavras, barulho. Tudo se mistura, aparecendo lentamente, revelando cores e suprimindo o presente.
Imaginou se a risada continuava a mesma. Se os olhos claros continuavam expressivos. Se a vida que transbordava ainda existia.
E naquele momento, descobriu que saudade não era o desejo de que tudo fosse como antes.
Saudade era a certeza de que precisava estar com ela daqui para frente.

5 comentários:

Anônimo disse...

e ela... sente essa mesma saudade?

Anônimo disse...

Bonito, e assusta.

Anônimo disse...

a pergunta da Karla é fundamental.

Anônimo disse...

é sinal que ela é muito importante pra ele.

Anônimo disse...

é sinal que ela é muito importante pra ele.

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