É fato de que criar um filho homem é muito mais fácil do que criar uma mulher. Não só porque as mulheres são "maiores" - mulheres são mais curiosas e mais ousadas, enquanto os homens fazem apenas obedecê-las e seguir sua vontade: fato constatado a partir da história de Adão e Eva -, mas também (e principalmente) porque somos nós, mulheres, quem sentimos mais dor. Não me refiro à dores físicas como cólicas pré-menstruais ou aquelas da hora do parto. É uma dor maior, dor que os homens não sabem sentir.
E eu não sei daonde nem porquê somos nós fadadas a sentir essa dor incômoda, e meu objetivo não é descobrir isso, mas sim dar algumas idéias do que deveríamos fazer para amenizar essa dor.
É fato de que criar um filho homem é muito mais fácil do que criar uma mulher (2). Porque, um homem que for criado da maneira errada, vai atrapalhar a vida das pessoas ao seu redor, vai ser fraco e incompetente, vai ser um cafageste e heartbreaker; vai trazer muitas tristezas à muitas pessoas, à muitas mulheres, mas no final de tudo vai sair da confusão pouco ferido. Enquanto que, a mulher criada erroneamente está fadada ao sofrimento. Vai sofrer, vai quebrar a cara, vai ser corneada, vai ser uma perdedora; não vai saber lidar com os problemas e vai sofrer, sofrer, sofrer; vai ser uma sofredora de mão cheia toda a vida.
Tem também aquelas histórias dos Príncipes Encantados. Desde analfabetas assistimos e ouvimos milhares de histórias perfeitas sobre princesas lindas com o cabelo impecável e homens perfeitos, loiros, educados que chegam no momento exato em cima de um cavalo branco para nos salvar. Aí, a gente acorda um dia, se olha no espelho e percebe que a princesa não é linda como nas figuras dos livros infantis, que a princesa é meio míope e tem a testa cheia de espinhas. E percebe também que o príncipe perfeito não chega no momento exato, muito menos em cima de um cavalo branco, e que ele não é lindo, loiro, com olhos azuis, ombros largos, gentil, amigo, inteligente e compreensível. E quando essa ficha cai, a gente sofre, sofre, sofre.
É claro que ninguém tem coragem de ler o Código Civil para a filha antes de dormir. Ou um livro sobre empreendedorismo, talvez. Passam anos e mais anos e as mães insistem nas antigas histórias com príncipes, princesas e castelos de algodão doce.
De qualquer jeito, no fim da história quem quebra a cara é a mulher. É ela que tem que abdicar do seu sonho infantil de casar com um príncipe encantado e viver feliz para sempre para enfrentar a realidade de maridos comuns, de impostos, de filhos, de contas, de emprego, de louça suja, de mais filhos, de divórcio, de amantes, de mais divórcios (e mais amantes), de celulite, de gordura localizada, de rugas de expressão, em fim, toda aquela realidade que ela vai esconder durante o maior tempo possível da filha.
E daí, de vez em quando, aparece um ou outro homem sensível, de coração quebrado, triste, traído. Pois saibam que as causadoras dos seus pequenos sofrimentos são o reflexo de anos de desilusão pelo fato de vocês não terem vindo até elas em cima de um cavalo branco.
E é esse sofrimento, aquele que já vem junto com os dois cromossomos x, que os homens nunca vão saber sentir. É uma dor nossa, o aperto no coração e nó na garganta sem motivo algum. É sermos obrigadas a nos conformar com a não existência de um príncipe encantado, e encarar de peito levantado a vida e todas as perdas que ela traz consigo. Porque, como eu disse, mulheres são maiores, e quem é maior guarda as pessoas e os sentimentos mais pra dentro, daí quando eles vão embora, dói muito, muito mais.
17.1.09
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Um comentário:
Eu sempre fui franco quando aparecia essa história de príncipe encantado: Não sou solução para os problemas e sonhos de ninguém.
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