25.9.09

das minhas (românticas) querências

Li uma frase que falava sobre pares perfeitos.
"Eu não quero alguém que me complete. Eu quero alguém que me some."

Achei linda, achei perfeita e achei a frase mais inteligente do mundo. Faz sentido.
Pra começar, tem toda aquela teoria de gente mais velha. Eles dizem que a gente só vai encontrar alguém quando não estiver procurando, quando estivermos em sintonia com nós mesmos, bem, felizes, em paz, tranquilos. Ou seja: quando já formos completos. E então vamos encontrar alguém que some momentos melhores aos nossos momentos já perfeitos e inteiros. Alguém que participe das festas chatas em família as tornando melhores, que vá conosco ao cinema e depois aprecie uma boa massa. Somando. Plus.
Em segundo lugar, têm todas as comédias românticas e todas as histórias de amor. Pessoas bonitas, garotas loiras e magras se apaixonam por caras gatos e que tem tudo a ver com elas. Afinidades, e de novo toda a história de somar-se. Porque no final, depois de vencerem todos os empecilhos, dentro daquele "felizes para sempre" estão todos os milhares de dias que se seguiram, toda a rotina somada de 1+1. Mais.
E, claro, pra não dizerem que eu sou racional demais, no fundo, bem no fundo, o que nós, comuns e sábios realmente queremos é alguém que nos some. Não queremos ficar pra sempre do lado de alguém de quem necessitamos. Não queremos nos apaixonar por alguém que nos faça sofrer mais do que sorrir. Porque é isso que vai acontecer quando nos apaixonarmos por quem nos completa. Entende? Você vai se sentir incompleto sem essa pessoa, vai sentir falta de ar, vai sentir um nó na garganta. Vai sentir ciúme, vai ser possessivo, vai pôr os pés pelas mãos e tudo vai acabar com lágrimas e potes de sorvete e as comédias românticas ali de cima. E nós não queremos isso, certo? Nós queremos alguém que nos faça sorrir, que adicione à nossa tranquilidade a sua tranquilidade, que aumente nossa felicidade. É isso que nós queremos.
É isso que eu deveria querer.

Mas não. Eu não quero alguém que me some. Eu sou metade. Eu não sou número natural nem inteiro. Sou racional, fracionário. Incompleto. Quase imaginário, às vezes. Eu quero alguém que me complete, que seja meu outro meio, alguém sem o qual eu não seja ninguém. Que faça falta, que seja essencial. Que me arranque suspiros e sorrisos e a dor no esôfago só de pensar nela. Que olhe nos meus olhos e eu saiba o trecho de música que ela vai cantar, que compartilhe comigo momentos e fotos e histórias. Quero alguém que escreva o meio das minhas poesias, odisséias e pensamentos os quais só tem início e fim. Eu, ametal incompleto, faço ligações covalentes que não são dativas. Quero alguém que seja ametal como eu, que seja semelhante, e não oposto. Quero alguém que se encaixe perfeitamente em tudo.
Quero. E só.

2 comentários:

carolina disse...

adorei seu blog e o jeito que vc escreve, é leve e intenso!
quanto a seu ultimo texto...
achei linda a frase tb, e eu sou o contrario de tudo isso, quero alguem que me faça sumir de mim, alguem me deixe louca insana e que me faça sentir dor só de pensar na falta que ela me faz, é eu sou a rainha do drama, mas isso me faz ficar aqui!

beijão querida, estou add vc

Rodrigo Oliva Peroni disse...

"Eu não sou número natural nem inteiro. Sou racional, fracionário. Incompleto."

Da série: "Fazendo Letras e Física Quântica"

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