23.3.10
worship the rain, fall for the sun
existe uma tênue barreira separando o virtual de toda a realidade. como a janela que, em dias de muita tempestade, parece prestes a se quebrar inundando o quarto com a chuva e o cheiro de terra que é tão bom. e eu posso adorar a chuva, posso desejar que todos os dias sejam agraciados com o som das gotas batendo contra o vidro, contanto que a janela não se quebre, contanto que o coração e o quarto não sejam inundados, contanto que a vida continue tranquila. transpôr essa barreira seria como ficar nua debaixo da água, presa do lado de cá da janela, afundando.
mas mesmo que a paixão pela chuva seja inevitável, mesmo que a disposição para abandonar tudo e fugir rumo ao norte exista em algum lugar perto do pulmão esquerdo, mesmo que os dias de tempestade sempre voltem pra lembrar como seu som e cheiro são perfeitos, nada se compara ao sol no domingo de manhã. nada se compara com a sublime sensação de vê-lo nascer no horizonte, de enxergá-lo tão perto e alcançável, de sentir o seu calor aconchegante invadindo o quarto, mesmo quando a janela está fechada. de ficar a três milímetros do raio de luz e senti-lo aquecendo a pele do meu braço direito, trazendo à tona aquele sorriso.
porque mesmo que exista uma espécie de desejo contido pela utopia virtual separada de mim por uma barreira com 1.109 km de espessura, nada, nada se compara com o que eu sinto quando acordo do teu lado no domingo de manhã.
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