6.1.14

confissões de um amor imperfeito

o meu amor é errado.
ele não entende a diferença entre estar preso e estar em casa.
ele se confunde fácil. e tem uma fraqueza pelas coisas belas.
o meu amor também é egoísta.
tem vezes que ele não quer pensar em mais nada, só nele mesmo.
tem dias que ele não quer se doar.
e se for domingo de manhã, ele não quer acordar mais cedo pra passar o café fresco ou comprar pão.
tem noites que meu amor não quer fazer amor, e só quer ler sobre o amor dos outros.
e tem tardes que ele só quer sexo e não se importa.
o meu amor de vez em quando é tímido e de vez em quando medroso e na maioria das vezes ele gosta de viver em contrafactuais.
às vezes meu amor tem vergonha de te beijar em público.
e às vezes tem medo de te soltar e te perder por aí.
às vezes tudo o que meu amor quer é te ver rindo.
e às vezes ele não entende de onde vem tanta tristeza e tanta seriedade.
outras, ele não quer entender.
às vezes meu amor se pergunta se seria melhor com outro amor.
ou o quão pior seria sem amor nenhum.
"será que dói muito?"
meu amor se apaixona por meninas que tomam café.
e ao mesmo tempo insiste em não se desapaixonar das que gostam de chá.
meu amor me dá dor de estômago.
dor de garganta.
dor de cabeça.
dor no coração.
e, às vezes, cãibra na perna esquerda.

mas, na maioria das vezes
quase o tempo todo
tudo o que o meu amor quer
é ficar do ladinho
bem juntinho
do teu amor.
com as mão se tocando de leve.
ou os dedos entrelaçados.
e quer beijar teu pescoço.
e fazer cafuné até vir o sono.
e dizer que ele é todo teu.
"eu sou todo teu", diz o meu amor.

e aí, amor meu, o meu amor deixa de existir.
e só há
o nosso amor
e um poema novo.



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