a vida tem certos sons, certos tons, certos sabores e cores. vejo o sol entrando pela janela nessa manhã de domingo e vislumbro, quase cristalino, o futuro que deita-se frente a ti e desenrola mundo a fora. e o que eu vejo, moça Luisa, é um caminho cheio de pedras coloridas, danças e paixões. eu vejo a liberdade. e eu vejo também pequenas fontes de água morna para te aquecer os pés.

acordar para um novo dia com os olhos bem abertos, fitando o céu escuro antes mesmo de o sol se pronunciar, é um daqueles rituais mágicos que deveríamos contemplar mais. e se hoje o céu que avistamos é o céu cheio de nuvens, encoberto por prédios altos com janelas arredondadas em meio a uma cidade vazia e gelada, amanhã o céu será outro. por que não aguardar o nascer do sol no alto de uma colina, cercadas somente pela relva verde? e depois na beira do abismo prateado que é essa beira-mar? ou sobrevoando o deserto em um balão?

menina Luisa, mais do que acordar do teu lado, mais do que beijar a tua orelha esquerda enquanto você pega no sono, mais até mesmo que o café preto na xícara grande: o que realmente desejo é o compartilhar da luz que clareia o horizonte quando badala a sétima hora. e eu sei que vamos seguir por estradas diferentes, e que o amor é infinito demais para a gente tentar aprisioná-lo entre quatro paredes. e que barcas foram feitos para navegarem. mas se você quiser.