Já devem saber que eu a amava - um amor à primeira vista, à última vista, a cada uma e a todas as vistas.
e fiquei olhando para ela, sabendo, tão lucidamente como sei que vou morrer um dia, que eu a amava mais do que tudo o que jamais vi ou imaginei neste mundo, ou que possa esperar em qualquer outro.
... mas, graças a Deus, não era apenas esse eco que eu venerava [...] insisto que o mundo saiba o quanto amei minha Lolita [...] esta Lolita, pálida e poluída, carregando o filho de outro homem, mas ainda com os mesmos olhos cinzentos...
Lolita, de Vladimir Nabokov.
Um comentário:
O passado vai continuar existindo num horizonte infinito de imutabilidade. O que foi está intacto. Me ajudas a entender isso? Sei que tu entendes melhor que eu. A dor estica que nem um chiclete. Desejo que ela desgrude de mim e volte a sua espessura original, e que fique em seu espaço de tempo original. Ela não deveria pertencer a mim nesse momento. E nem a ti. Desejo o mesmo para ti. Desejo também que tua próxima xícara de chá seja doce, e que a próxima música que tu ouvires te faça sorrir diante de uma possibilidade. Desejo que um raio de sol te faça fechar os olhos e mantê-los fechados, e que tu enxergues várias luzes coloridas enquanto fazes isso. Desejo que tua próxima aventura na cozinha te faça imaginar um programa de culinária chamado "Lucy's Dream Kitchen". Desejo que tu leias um livro de sebo e que nele encontres um bilhete que nunca foi entregue. Desejo que teu olhar pouse numa espontaneidade de dois segundos. Desejo que tu sintas alegria de criança, aquela que não se pensa a respeito enquanto se sente. Mas, acima de tudo, desejo que tu saibas, sempre, falar. Mesmo achando que tu não sabes falar.
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